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Além da Religião - Palavras de Sabedoria
Sri Aurobindo sobre as Religiões
Eu devo dizer que está longe da minha proposta propagar qualquer nova religião, nova ou velha, para a humanidade no futuro. Uma maneira de se estar aberto, que ainda está bloqueada, não uma religião a ser fundada, é a minha concepção do tema.
(Cartas sobre Yoga, tradução livre para ‘Letters on Yoga’, p. 139)
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Não é o objetivo [de Sri Aurobindo] desenvolver a religião de qualquer um ou amalgamar as velhas religiões ou fundar qualquer nova religião – pois quaisquer dessas coisas conduziriam para longe da sua proposta central. O objetivo único da sua Yoga é um autodesenvolvimento interno pelo qual cada um que a segue pode, ao seu tempo, descobrir o Self Único em tudo, e evoluir uma consciência mais elevada do que a mental, uma consciência espiritual e supramental que transformará e divinizará a natureza humana.
(Ensinamentos de Sri Aurobindo. Escrito na terceira pessoa, tradução livre para ‘Sri Aurobindo’s Teaching. Written at the third person’)
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A vida espiritual (adhyatma-jivana), a vida religiosa (dharma-jivana) e a vida humana comum, da qual a moralidade é uma parte, são três coisas bem diferentes e uma pessoa deve saber qual delas deseja e não confundir as três conjuntamente. A vida comum é aquela da consciência média humana separada do seu próprio self verdadeiro e do Divino e conduzida pelos hábitos comuns da mente, da vida e do corpo, que são as leis da Ignorância. A vida religiosa é um movimento da mesma consciência humana ignorante, se voltando ou tentando se afastar da terra para o Divino, mas como ainda sem conhecimento e conduzida por princípios dogmáticos e regras de alguma seita ou crença que clama ter encontrado a saída das amarras da terra-consciência para algum beatífico Além. A vida religiosa pode ser a primeira aproximação com a espiritual, mas muito frequentemente apenas é uma volta em um círculo de ritos, cerimônias e práticas ou ideias definidas e formas sem qualquer questão. A vida espiritual, ao contrário, prossegue diretamente por uma mudança de consciência, uma mudança da consciência comum, ignorante e separada do seu self verdadeiro e de Deus para uma consciência maior, na qual uma pessoa encontra o seu verdadeiro ser e entra, primeiramente, em contato direto e vivo e, então, em união com o Divino. Para o buscador espiritual essa mudança de consciência é a única coisa que ele busca e nada mais importa.
(Cartas sobre Yoga, tradução livre para ‘Letters on Yoga’, p. 137)
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... Eu não acredito em publicidade, exceto para livros, etc., e em propaganda, exceto para a política e medicamentos patenteados. No entanto, para o trabalho sério é um veneno. Significa tanto uma pirueta ou um estrondo – e piruetas e estrondos exaurem a coisa que conduzem em suas cristas e a deixam sem vida e quebrada e desamparada nas margens de lugar nenhum – ou significa um movimento. Um movimento, no caso de um trabalho como o meu, significa a fundação de uma escola ou de uma seita ou alguma outra maldita coisa sem sentido. Significa que centenas ou milhares de pessoas inúteis ingressam e corrompem o trabalho ou o reduzem a uma farsa pomposa da qual a Verdade que estava descendo retrocede em sigilo e silêncio. É o que acontece às ‘religiões’ e essa é a razão do seu fracasso.
(Carta a Dilip Kumar Roy datada de 02/10/1934*. Por Ele Mesmo, tradução livre para ‘On Himself’, p. 375)
Carta enviada a Auroville em 30/01/1971 pela Mãe, porque todos tinham uma ideia falsa a respeito de propaganda e publicidade.
A Mãe sobre o Matrimandir e as Religiões
Por milhares de anos, nós temos desenvolvido meios externos, instrumentos externos, técnicas externas para viver – e no final, esses meios e técnicas estão nos esmagando. O sinal de uma nova humanidade é uma reversão de perspectiva e o entendimento de que os meios interiores, o conhecimento interior e as técnicas interiores podem mudar o mundo e dominar sem esmagá-lo.
Auroville é o lugar onde esse novo modo de viver está sendo exercitado, é um centro de evolução acelerada, onde o homem deve começar a mudar o seu mundo pelos meios do poder do espírito interior.
(Mensagem, 03/08/1968)
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‘No entanto, para viver em Auroville, uma pessoa deve ser um servidor disposto da Consciência Divina.’
É a explicação do Matrimandir no centro. O Matrimandir representa a Consciência Divina. Tudo o que não é dito, mas esse é o modo como é.
(Comentando verbalmente sobre a Carta Régia de Auroville, 07/02/1968)
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É como a Força, a Força central de Auroville, a Força coesiva de Auroville.
(Verbalmente, 02/07/1970)
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O Matrimandir será a alma de Auroville. O quanto mais cedo estiver lá, melhor será para todos e especialmente para os aurovilianos.
(15/11/1970)
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Sobre o Matrimandir. Na Índia, a criação, que basicamente significa o trabalho da Mãe-Criadora, por séculos foi considerado como antidivino. Sri Aurobindo mostrou/ensinou que é na Matéria que o Divino deve ser manifestado; ele insistiu no entendimento desse conceito da Mãe como Criadora.
O Matrimandir está aqui para ensinar às pessoas que não é ao fugir do mundo, enquanto o ignora, que se realizará o Divino na vida. O Matrimandir deve ser o símbolo dessa Verdade. Eu não quero que ele seja transformado em uma religião; com todas as minhas forças, eu recuso. Não queremos dogmas, princípios, rituais, absolutamente não, absolutamente não.
P.: Por que nós construímos o Matrimandir?
Para a grande maioria dos indianos não há necessidade de uma explicação; eles sabem do seu plano de fundo; é para os ocidentais e americanos, dos quais um em um milhão é capaz de sentir que ela é necessária.
P.: A Força será mais especialmente concentrada no Matrimandir?
A nova Força trabalha em todos os lugares, especialmente nesta sala. Você sente, não? Há aqui uma densidade capaz de realizar milagres, mas poucos são capazes de senti-la, de percebê-la. Sri Aurobindo e eu concentramos essa Força em toda a cidade; é palpável, perceptível como um perfume muito real, que penetra, mas uma pessoa deve ser capaz de senti-la, de recebê-la. Porém, sem milagres como as pessoas gostariam de ver; para elas acreditarem, precisam de provas materiais, sem as quais, negam. Construir o Matrimandir; colocar no lugar o meu símbolo e o de Sri Aurobindo, e o globo suspenso. Eu o tomo sobre mim para torná-lo um centro muito poderoso. Apenas aqueles que são capazes irão perceber.
(Anotado por Roger Anger após uma conversa, 07/1971)
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E não deixem que se torne uma religião, pelos céus!
(Verbalmente, 31/12/1969)
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Veja, isso é o que aprendi; o fracasso das religiões está na razão de que foram divididas. Elas queriam pessoas para serem religiosas para a exclusão de outras religiões, e cada ramo de conhecimento tem sido um fracasso, porque foi exclusivo. E o que a nova consciência quer – é nisso que se instiste – é: sem mais divisões. Para ser capaz de entender o extremo espiritual, o extremo material, e para achar o ponto de encontro, o ponto em que se torna uma força real.
(Verbalmente, 03/01/1970)
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Nós damos o nome de religião a qualquer conceito do mundo ou do universo que é apresentado como a exclusiva Verdade em que uma pessoa deve ter uma fé absoluta, geralmente, porque essa Verdade é declarada ser o resultado de uma revelação.
A maioria das religiões afirmam a existência de um Deus e as regras a serem seguidas para que se obedeça a Ele, mas há algumas religiões sem Deus, tais como as organizações sociopolíticas, que em nome de um Ideal ou do Estado, clamam o mesmo direito a se serem obedecidas.
Buscar a Verdade livremente e se aproximar dela livremente ao longo de seus próprios caminhos é um direito do homem. No entanto, cada um deve saber que essa descoberta é boa apenas para si, e não é para ser imposta aos outros.
(Mensagem, 13/05/1970)
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Auroville e as Religiões
Nós queremos a Verdade.
Para a maioria dos homens, o que eles desejam é que rotulam de verdade.
Os aurovilianos devem querer a Verdade, qualquer seja ela.
Auroville é para aqueles que querem viver a vida essencialmente divina, mas que renunciam a todas as religiões, sejam elas antigas, modernas, novas ou futuras.
É apenas na experiência que pode estar o conhecimento da Verdade.
Ninguém deveria falar do Divino, a mesmo que tenha tido a experiência do Divino.
Atinja a experiência do Divino, somente então você terá o direito de falar dela.
O estudo objetivo das religiões será uma parte do estudo histórico do desenvolvimento da consciência humana.
As religiões maquilam parte da história da humanidade, e é nesse disfarce que elas serão estudadas em Auroville – não como crenças em que uma pessoa deve ou não deve aderir, mas como parte de um processo de desenvolvimento da consciência humana, que poderia conduzir o homem para a sua realização superior.
PROGRAMA
Pesquisa por meio da experiência da Verdade Suprema
Uma vida divina, mas
SEM RELIGIÕES
Nossa pesquisa não será uma busca efetuada por meios místicos. É na própria vida que nós desejamos encontrar o Divino. E é por meio dessa descoberta que a vida pode realmente ser transformada.
(Mensagem, 19/05/1970)
(uma apresentação de Gilles G.)
(Portuguese Translation by Pablo Antunes)